Hoje eu estou aqui para enaltecer o trabalho dessa grande
cineasta, Petra Costa, que há pouco tempo nos brindou com seu segundo longa “O Olmo e A Gaivota”. Petra fez com que
eu me apaixonasse perdidamente por ela em 2012 quando lançou Elena, um dos filmes mais sensíveis e
mais belos que eu já vi.
Antes de entrar em detalhes sobre os filmes, gostaria de
explicar para os leitores que não sabem o que é o Teste Bechdel. O teste Bechdel é uma “brincadeira” que surgiu pela
primeira vez em uma tirinha da autora Alison Bechdel em 1985, onde uma das
personagens dizia que só assistia a filmes que passassem neste teste. É muito
simples, para passar o filme precisa:
1.
Ter pelo menos duas personagens femininas com
nomes e falas;
2.
As personagens devem conversar entre si;
3.
Sobre um assunto que não sejam homens.
Este teste não se limita ao cinema, pode ser aplicado a
outras mídias, e demonstra os papeis em que mulheres são colocadas em produções
audiovisuais. Estudos de gênero em filmes norte-americanos bem sucedidos demonstram
que existem em média dois personagens masculinos para cada personagem feminino,
além disso, personagens femininos estão duas vezes mais frequentemente envolvidos
em cenas de sexo do que personagens masculinos. Apenas 30% das mulheres em
filmes norte-americanos falam, e quando falam é com homens ou sobre homens. O
teste não quer dizer que o filme é bom ou ruim, só mostra como as personagens
femininas geralmente ocupam papeis secundários.
Não é nem necessário dizer quão berrantemente
revolucionário, em meio as estatísticas alí de cima, é fazer um filme de
mulheres e sobre mulheres!! Em Elena
Petra conta a história de sua irmã (Elena) que se suicidou aos 20 anos, e a sua
tentativa de entender e por um fim nesse acontecimento. E em O Olmo e A Gaivota, mostra o decorrer de
uma gravidez e todas as angústias e medos que vem atrelados a ela, refletindo
sempre o que se passa na cabeça de uma mulher gravida. Você pode ler mais sobre Petra Costa e seu trabalho maravilhoso, nessa entrevista que ela concedeu a Revista TPM.
Não ambiciono fazer criticas a nenhum dos dois filmes (como
sempre), mas gostaria de comentar o esplendido trabalho de Petra Costa, que é
uma diretora, em meio a uma indústria onde 84% dos longas (brasileiros) é
dirigido e escrito por homens (nem vou entrar no mérito bracos, heteros, cis e
de classe-média, não é preciso). Petra é uma diretora, quejá foi muito
premiada, que faz filmes belíssimos, que fez parcerias lá fora, que tem seus
filmes exibidos em grandes salas, mas que, de forma impressionante, quase
ninguém conhece. E qual outra diretora brasileira a gente conhece?
Recentemente li duas matérias que me deixaram bastante
contente, uma foi que a diretora Vera Egito contou com uma equipe criativa
formada apenas por mulheres no seu novo filme Amores Urbanos. Na entrevista que eu li, ela conta que fez como os homens, que chamam seus brothers, mas ao invés
disso, ela chamou as manas! A outra matéria que eu li, que me alegrou foi que Atrizesde Hollywood estão montando uma produtora feminista, que fará filmes sobre
mulheres com lideranças femininas. E eu acho sinceramente que é disso que a
gente precisa para ter mais espaço na indústria cinematográfica. Mais
sororidade, mais mulheres em lugares de liderança chamando mulheres para serem
suas diretoras de fotografia, diretoras de arte, produtoras... enfim.
Para quem quiser conversar ou se informar mais sobre o
assunto, haverá um ciclo de debates no MIS (SP) nos dias 19 e 20 deste mês, organizado
pelo Coletivo Vermelha, sobre mulheres no Audiovisual.
Qualquer dúvida, critica, elogio (risos), comentários positivos e negativos, é só comentar aqui em baixo, vai ser um prazer para mim responde-los! <3
Postado por Tamires Moura
PS: Não deixem de fazer suas encomendas de páscoa aqui com o Flower Things! Para saber mais é só clicar aqui ó <3
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Deixe aqui um pouquinho de amor! *-*